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Heráclito, por Johannes Moreelse |
Heráclito
Heráclito, oriundo da
cidade de Éfeso, na Ásia Menor, viveu nos fins do século VI e no princípio do V
A.C. Pertencia à família real que foi despojada do Poder e desterrada de Éfeso.
Foi o maior filósofo materialista e o representante mais notável da dialética
grega. Exerceu grande influência no desenvolvimento da filosofia, não somente
na Grécia, mas também na filosofia posterior.
Até nossos dias
chegaram cerca de 130 fragmentos dos trabalhos filosóficos do pensador de
Éfeso, os quais foram tirados das obras de diversos filósofos antigos que o
citam, as quais foram conservadas.
Heráclito,
semelhantemente aos mileteanos, considerava o fogo como base primordial e
fundamento de toda substância material concreta.
"O mundo, diz,
forma uma unidade por si mesmo, e não foi criado por qualquer deus ou homem,
mas foi, é e será eternamente um fogo vivo que se acende e se apaga segundo
certas leis".
Heráclito negava a
reconciliação desses contrastes considerando que o mundo material existe e se
desenvolve só devido à força dessa luta. Este pensamento é por ele expresso
claramente:
"É preciso saber
que a guerra é universal e justa; que tudo acontece em consequência de luta e
daí sua necessidade".
Heráclito denominava
"logos" à sujeição do desenvolvimento do mundo, às leis e a
necessidade. Precisamente no sentido da lei que rege o desenvolvimento
universal, fala do "logos que tudo governa" e diz que "tudo se
realiza condicionado pelo logos", ou seja de acordo com a lei.
Heráclito, pois,
considerava a evolução da natureza resultante das contradições internas que
nela se encontram, como uma evolução necessária, sujeita à uma lei inerente à
própria matéria e não imposta do exterior por um deus. Para ele os próprios
homens estão sujeitos à essa necessidade, à essa lei.
"Quando nascem,
desejam (os homens — RED.) viver e, com isso, morrer, então se consolam,
deixando filhos nascidos para morrer".
Não só as diferentes
substâncias, mas também o universo, transforma-se constantemente, declarou
Heráclito.
Assim, Heráclito
aproximou-se do princípio dialético da geração e da morte.
Heráclito afirma que
a finalidade do saber consiste no estudo da própria natureza:
"pensar é
dignificante, e a sabedoria consiste em dizer a verdade e, ouvindo a natureza,
proceder de acordo com ela".
Heráclito concede um
grande papel aos órgãos sensoriais na função do pensamento:
"Prefiro o que
se pode ver, ouvir e estudar".
Mas exige, ao mesmo
tempo, que o pensamento não se detenha no testemunho dos sentidos, porém que o
reelabore e comprove.
Em suas opiniões
sociais, em compensação, Heráclito foi idealista e reacionário. Segundo ele,
toda manifestação revolucionária do povo deve ser esmagada sem piedade. Sendo
partidário da aristocracia escravista, mantinha uma atitude de desprezo em
relação ao povo, à "multidão". Foi adversário furioso da democracia
escravista triunfante na sua cidade natal, Éfeso. Assim, pois, as concepções
político-sociais reacionárias de Heráclito, entraram em contradição com sua
dialética revolucionária.
Heráclito, ao mesmo
tempo que se manifestava contra a teoria da criação da natureza pelos deuses e
proclamava a independência da natureza em relação aos deuses, não se tinha
emancipado completamente da religião, pois referia-se a deuses e demônios. Ao
mesmo tempo, porém, condenava claramente a adoração de divindades existentes
entre os gregos.
"Em vão
procuram, tintos de sangue, limpar-se por meio de sacrifícios, como se alguém
pudesse enxugar-se atirando-se ao barro. A pessoa que procede assim devia ser
tida por louca. Ficam orando essas estátuas, como se quisessem conversar com
casas; não sabem distinguir os deuses e os heróis".
O materialismo e a
dialética de Heráclito, como os dos mileteanos, apesar da sua profundeza, tinha
um caráter espontâneo, simplista; não passava de conjecturas sem confirmação
científica. Nas condições do seu tempo não teriam podido chegar ao materialismo
dialético.
Os representantes da
escola pitagórica e da eleática foram adversários decididos da dialética de
Heráclito.
Fonte: História da Filosofia
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